segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Retorno, noticias e novidades

Olá novamente. Após mais um longo período de ausência (altamente justificável pelas demandas profissionais, acadêmicas e pessoais), retomamos as atividades do Neoestratégiasbrasil. Nesse breve post de retorno, falou de uma matéria publicada pelo Brookings Institution e também de algumas novidades que em breve (eu espero) estarão aqui.

Sobre a matéria do B.I., de autoria de Bruce Katz e Jessica Lee (do Metropolitan Police Program), o que me chamou atenção foi o chamamento à atualidade das palavras de Alexander Hamilton. Hamilton foi um dos "Pais Fundadores" da América, sendo citado pelo nosso sempre citado Ha-Joon Chang como um dos promotores da atuação do Estado na ajuda da indústria nascente. E fazendo isso nos EUA, que depois defenderam ardentemente o discurso do livre mercado e de que o Estado não precisaria interferir nos desígnios da economia. O link para a matéria é o seguinte:
http://www.brookings.edu/articles/2011/1205_manufacturing_katz_lee.aspx

Os autores lembram que, no final do século XVIII, apenas 15 anos após a independência americana, Hamilton alertou para a necessidade de um setor manufatureiro forte para dinamizar a economia americana. E falava isso contra a opinião de ninguém menos que Thomas Jefferson, outra figura histórica no nascimento da nação, que defendia que a economia americana se estruturasse a partir da atividade agrícola.

Em defesa da sua posição de que o governo deveria apoiar diretamente a indústria, Hamilton sugeria típicas medidas protecionistas, como tarifas restritivas de importação, e incentivos do governo para que os empresários assumissem riscos que, sem tal suporte, seriam insuportáveis. Porém, o mais importante do artigo é vincular o projeto industrialista de Hamilton com o que está sendo feito agora na América. Trata-se do AMP (Advanced Manufacturing Partnership), um programa de parceria entre governo, universidades e empresas lançado pelo presidente Obama em junho deste ano. (segue link para discurso de lançamento do programa: http://www1.eere.energy.gov/industry/amp/ ).

O lançamento desse programa é a afirmação contundente de que, mesmo nos EUA, defensor maior do livre mercado, não se ignora o fato de que a economia não pode andar sozinha. Ela precisa do apoio direto do governo, ainda quando este cria todo um ambiente institucional que favorece a atuação privada. O presidente Obama dá o exemplo da empresa global Google, cujos criadores só tiveram condições de tirarem a sua ideia do papel com a ajuda da National Science Foundation, uma instituição pública de apoio à ciência. Assim, o AMP, comandado por um comitê formado pelo presidente da Dow Chemical, pela presidente do MIT e por assessores presidenciais para ciência e tecnologia, buscará apoiar as iniciativas que colocarão, prevê o presidente Obama, a América no topo da vanguarda tecnológica mundial.

Sem dúvida, essa iniciativa lançada recentemente revigora todo o discurso em torno da necessidade de uma política industrial definida, e calcada na inovação, pedra de toque da economia global na atualidade. Inclusive, reafirma o resultado do debate feito pelo The Economist (ao qual enviamos contribuição, que foi aqui comentada em post anterior) que deu razão aos argumentos defendidos por Ha-Joon Chang contra aqueles levantados por Jagdish Bhagwati. E reforça, por fim, ainda mais a nossa convicção de que o Estado tem ainda um papel preponderante na economia, a despeito de todo o discurso de livre mercado (que, haja vista as dificuldades de aprovação de maiores regulamentações das movimentações financeiras na zona do Euro, capitaneadas pelo Primeiro-Ministro inglês, ainda se mantém vivo, mesmo após o colapso de 2008 que ainda ecoa no centro do capitalismo mundial), e uma das formas de atuação desse papel é através de uma política industrial. Se a política industrial que precisamos é a que temos, que já vai em sua terceira etapa, com o Plano Brasil Maior, isso é o que a nossa pesquisa quer descobrir.

Por fim, algumas novidades que, em breve, espero que estejam aqui. Em recente viagem à São Paulo, para apresentação, em um encontro internacional realizado na FGV, de um trabalho sobre cooperação interorganizacional para o carnaval, escrito com os professores Sandro Cabral e Dale Krane, aproveitei para entrevistar algumas figuras-chaves dessa minha pesquisa. Assim, gravei entrevistas com o ex-Ministro Bresser Pereira (criador do termo novo-desenvolvimentismo, uma das vertentes que estudo na dissertação), com o professor Mário Salerno, da USP (um dos pais da PITCE) e com os professores Wilson Suzigan e João Furtado, ambos da UNICAMP, dois dos principais pesquisadores da política industrial brasileira. Dessas, as três últimas tiveram alguns momentos gravados em video. Assim, dentro em breve espero estar disponibilizando aqui esse material: o audio integral das quatro entrevistas e pequenos videos com alguns destaques das entrevistas com Salerno, Suzigan e Furtado.

Uma última novidade é que, finalmente, após concluir a revisão de um relatório para a SEDUR sobre competências do Estado para o desenvolvimento urbano, foi retomar a escrita da dissertação, tendo como primeira tarefa a conclusão do primeiro capítulo, que fala sobre as minhas três matrizes discursivas: desenvolvimentismo, patrimonialismo e republicanismo. Sobre as duas primeiras, já tinha elaborado material que inclusive já disponibilizei aqui no NBR. Porém, nas últimas semanas iniciei os meus "Estudos Republicanos" e vou iniciar a escrita da terceira matriz. Quando estiver concluído, colocarei aqui no blog.

Espero (como sempre) estar de volta o mais breve possível.

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