A atuação do BNDES é um dos assuntos que mais interessam a esta pesquisa. Além da constante menção à atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (criado em em 1952, como BNDE, só recebendo o "S" trinta anos depois, em 1982) na discussão em torno do livro "Capitalismo de Laços", referência obrigatória nessa pesquisa, o BNDES também é crucial por capitanear, sob o comando de Luciano Coutinho, o processo de formação de líderes nacionais com vistas à inserção internacional.
Os últimos dados indicam que a atuação do BNDES, seja no fortalecimento do capitalismo de laços, seja na implementação da estratégia de formação de global players, estará mais forte que nunca. O site oficial do banco anunciou hoje (21/03/2011) um lucro líquido de R$ 9,9 bilhões, um aumento de 47,2% em relação ao ano de 2009. Veja o texto completo no link abaixo:
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Sala_de_Imprensa/Noticias/2011/financas/20110321_Lucro2010.html
Duas partes dessa notícia me chamaram mais atenção. Primeiro, diversamente do que alguns autores cogitam acerca do uso político dos investimento do BNDES, através do seu braço de participações acionárias, o BNDESPAR, essas participações se mostraram extremamente rentáveis em termos econômicos, conforme afirma o texto:
"O crescimento do Resultado com Participações Societárias, no ano passado, decorreu, principalmente, do acréscimo de 179,5% do resultado com alienações, que passou de R$ 1,2 bilhão em 2009 para R$ 3,2 bilhões em 2010. Este aumento foi possível em função de melhora nas condições de mercado no ano passado, quando comparado a 2009, o que possibilitou a realização de operações de giro da carteira de participações societárias. O bom desempenho reflete, também, a qualidade da carteira da BNDESPAR, braço de participações do BNDES."
Além disso, outro alvo preferencial das críticas à politização da atuação do BNDES é o seu sistema de monitoramento em seus contratos de investimento. Para tais críticos, esse monitoramento seria frágil, implicando na injeção de recursos públicos em empresas que não cumprem devidamente as metas de desempenho acertadas. O comunicado do BNDES, certamente em causa própria, mas nem por isso menos válido do que as denúcias feitas contra ele, afirma justamente o contrário, enaltecendo seu sistema de monitoramento nos seguintes termos:
"A qualidade de crédito é resultado da consistência de suas políticas. Os financiamentos concedidos pelo BNDES são objeto de contínuo acompanhamento e demandam garantias que cubram a posição devedora ao longo da vida dos contratos."
Assim, às críticas quanto aos seus critérios políticos de financiamento e ao seu monitoramento "camarada", o BNDES responde alegando a alta lucratividade dos seus investimentos, lastreados em rígido monitoramento quanto às metas de desempenho acordadas.
Apenas à título comparativo, o estudo do VEB, o similar russo do BNDES, considerando os dados de 2008 e 2009, apontou o BNDES como o quarto maior banco de desenvolvimento do mundo em valor de ativos, atrás apenas dos bancos de desenvolvimento da China, da Alemanha e da Coréia do Sul. Veja o texto acerca do estudo conduzido pelo banco russo:
http://www.amanha.com.br/component/content/article/482-bndes-brilha-em-relatorio-de-banco-russo
Considerando o grupo dos 10 maiores bancos de desenvolvimento do mundo, o estudo russo aponta as áreas em que o BNDES é imbatível e aquelas onde ele fica longe da medalha de bronze (ainda que muito melhor colocado que as cerca de 750 instituições semelhantes no mundo):
"Em rentabilidade dos ativos, em 2008, o BNDES ocupou o primeiro lugar, o chinês ficou em segundo e o VEB em sétimo. Em rentabilidade do capital, o primeiro lugar também foi do BNDES, o segundo do Banco Indiano de Desenvolvimento Industrial, enquanto o VEB ficou em sétimo. Em grau de liquidez dos ativos, também o BNDES ficou em primeiro, o chinês em segundo e o russo em sétimo.
O BNDES não aparece entre os três primeiros em valor total de ativos (chinês em primeiro), capital próprio (chinês em primeiro), valor do portfólio de créditos (alemão em primeiro; isto em 2008, talvez agora em 2010, com a recente superexpansão de crédito do BNDE,S o ranking mude) e ativos totais como percentual do PIB (coreano em primeiro)."
Se o BNDES já se destacava com os valores registrados em 2008 e 2009, ainda sob o impacto da Crise de 2008, certamente sua posição no ranking melhorou após o resultado expressivo de 2010.
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