domingo, 27 de março de 2011

Notícias de Março 08 - Educação - Negócio da China

Infelizmente não pude colocar o link aqui por problemas no site do Jornal A Tarde (Salvador), mas me chamou atenção o artigo do Fábio Colleti Barbosa (presidente do Grupo Santander Brasil e da FEBRABAN) publicado na edição desse domingo (Jornal A Tarde, 27/03/2011). Segue o link de outro blog que publicou o texto, extraído, desta vez, da edição de domingo da Folha de São Paulo: http://carcara-ivab.blogspot.com/2011/03/educacao-o-negocio-da-china.html A discussão levantada por Colleti é bastante significativa no atual debate em torno da Política Industrial. Ele levanta a questão da contraposição Políticas Horizontais X Políticas Verticais, ao afirmar que "(...) o que acontece na China não me parece algo passageiro ou fruto de uma estratégia apenas focada em subsídio ou distorção cambial. A crescente eficiência da China está sendo alicerçada com vultosos investimentos na qualidade da educação em todos os níveis." A questão aqui é: vale mais a pena investir em políticas verticais, que favorecem algumas indústrias especificamente (na linha do que discuto acerca da estratégia de formação de multinacionais brasileiras) ou investir em políticas horizontais que favorecem todos os setores econômicos, como educação, infra-estrutura logística, etc? Quem aposta na necessidade de uma atuação ativa dos Estados na condução de uma Política industrial (Chang, Rodrik, Fleury & Fleury), apesar de não desconhecer os frutos a longo prazo do investimento no capital humano (se não por razões "humanitárias", pelo simples fato de que o futuro da economia está na economia do conhecimento, nos produtos com alto valor agregado, ou seja, precisaremos cada vez mais produzir cérebros, em substituição - ou complementação - ao petróleo, soja, carnes, etc. Porém, produzir cérebros demora e não dá para congelar a economia - e as oportunidades que surgem AGORA - por 30 anos), reconhece igualmente a necessidade de investir agora, seja para surfar na onda da economia aquecida, seja para vencer a corrente contrária da economia em crise. O fato é que essas duas posições não são excludente (ninguém defende investimento totais apenas em um dos lados da equação - seja para não parecer ingênuo, seja para não parecer desumano). Porém, em seu tratando de especialistas em uma "ciência da escassez", os economistas tendem a se posicionar quanto à preponderância de uma sobre a outra. Há os que vêem a política comercial agressiva da China (que incluem a "distorção cambial" citada por Colleti) como uma "bolha estratégica", ou seja, uma estratégia de efeito rápido, mas insustentável no futuro; e há os que vêem a Política Industrial como um reconhecimento do óbvio - o mercado não funciona sozinho, principalmente a favor dos que estão do lado errado da banca de negociação. Essa discussão foi levantada também por Sérgio Lazzarini, em uma das nossas conversas por e-mail. Ele mostrou a importância de olhar o outro lado da cerca (uma vez que eu estava - e, por enquanto, ainda estou - inclinado a defender a necessidade de uma Política Industrial) e ver a importância das políticas horizontais. Segue o link do artigo que ele me indicou para ler (detalhe para o título, nada sutil: "Por que o Brasil não precisa de política industrial.") http://virtualbib.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/706/2191.pdf?sequence=1 Fiz uma leitura inicial desse artigo e - é claro - tenho algumas divergências, como a alegada negatividade absoluta da inflação - acredito que a mesma inflação alta que pode mostrar uma febre fatal da economia, pode, em sendo muito baixa, mostrar a falência de uma economia morta - e a relação direta entre um alto Gasto Público X PIB e ineficiência - que não poderia ser aplicada a países como EUA e Alemanha, cuja relação Gasto Público X PIB é alta, sem que estes países sejam apontados como ineficientes. Porém, o artigo levanta questões importantes, assim como o artigo de Colleti, que mostra, no mínimo, a necessidade de justificar claramente o porquê inclinar a balança do investimento público para as políticas verticais e, no máximo, o acerto em investir no ganho certo da educação e não na aposta incerta - e discutível - de favorecer algumas indústrias - e dentro, delas, algumas empresas - e não outras. Fazendo um reducionismo grosseiro - mas nem por isso menos preciso - seria como optar entre a segurança da caderneta de poupança ou o lucro alto do mercado de capitais. Nos anos 1980, a escolha era fácil: não tínhamos cacife para girar a roleta. Hoje, integrando o G7 da economia mundial, na minha opinião, podemos cobrir apostas e ganhar rodadas (como na OMC, como já comentei aqui). Hoje, ser um poupador ou um jogador? Para o Brasil, os dados estão rolando...

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